quinta-feira, 28 de junho de 2012

Lacerda veta lei que obriga prefeitura a vacinar cachorro


Decisão do prefeito divide opiniões entre veterinários e professores
O veto integral do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, ao projeto de lei que obrigava a prefeitura da capital a vacinar, em massa e de forma gratuita, os cães contra a leishmaniose visceral gera controvérsias entre especialistas. Um dos motivos apresentado pelo Executivo para vetar o projeto foi a possível falta de provas de que a imunização dos animais traria efeitos concretos.

"A proposta (...) carece de fundamentação técnica (...), podendo trazer prejuízos irreparáveis para a saúde pública, tendo em vista que os produtos atualmente registrados ainda estão em fase de avaliação do cumprimento das exigências da normatização vigente", diz o texto, publicado no "Diário Oficial de Belo Horizonte" ontem.

O professor da Escola de Veterinária da PUC Minas Vítor Marcio Ribeiro contesta boa parte dos motivos apresentados por Lacerda, inclusive o de que falta comprovação científica para a realização da imunização.

O acadêmico discorda do trecho do veto em que Lacerda informa que "as vacinas induzem uma resposta imunológica" que não permite "que se diferenciem os cães infectados dos vacinados, levando a resultados falsos positivos". De acordo com Ribeiro, o argumento do prefeito não está correto.

"A vacina não provoca alterações nos testes", de acordo com o professor. Ele defende que a imunização deve ser empregada.

Já o veterinário Élvio Moreira, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), concorda com o veto. "A vacina não funciona. Seria gasto de dinheiro público. O veto está corretíssimo", afirmou.

De acordo com a proposta da vacinação, apresentada pelo vereador Sérgio Fernando Pinho Tavares (PV), era prevista uma campanha anual de imunização contra a doença nos cães, com despesas custeadas pela prefeitura. Entretanto, em outra justificativa para o veto integral ao projeto, o prefeito apontou a ausência, no texto da proposta, da definição da fonte dos recursos que seriam usados na campanha e do impacto da imunização no orçamento municipal.
Silêncio. O Conselho Regional de Medicina Veterinária preferiu não se pronunciar sobre, alegando que ainda precisa analisar os argumentos da decisão.

A Câmara pode derrubar o veto. A previsão é que a matéria só seja apreciada no plenário em agosto.
MAIS DADOS

Doentes.
 Neste ano, das 61.287 amostras caninas recolhidas pela prefeitura para análise da leishmaniose, 2.287 apresentaram resultado positivo.

Risco. A doença canina pode ser transmitida aos humanos pela picada do mosquito-palha.

Histórico. Nos últimos dois anos, foram registrados 227 casos de leishmaniose em humanos na capital, com 34 óbitos - 21 em 2010 e 13 em 2011. Em 2012, de oito pessoas doentes, uma morreu, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.

Epidemia. A estimativa do conselho de veterinária é que a região metropolitana tenha 40 mil cães infectados.
NACIONAL
Cidade vai ter projeto-piloto, afirma conselho
Belo Horizonte deverá fazer parte de um projeto-piloto do Ministério da Saúde que vai disponibilizar coleiras para os cães, com o objetivo de controlar o avanço da leishmaniose. A informação é do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, que afirmou que a capital deverá integrar o circuito de municípios contemplados pelo projeto. Entretanto, o ministério não confirmou a informação.

Teresina (PI) é a primeira cidade brasileira a ser beneficiada pelo Programa Federal de Controle da Leishmaniose Visceral. A proposta consiste em fazer o encoleiramento em massa de cachorros usando um produto que contém deltametrina a 4%, substância recomendada pela Organização Mundial da Saúde. A coleira funciona como inseticida e repelente contra os insetos que transmitem a doença.

A prefeitura afirma que as medidas tomadas na cidade para combater a doença, entre elas o extermínio dos animais com o diagnóstico positivo, seguem as normas do governo federal. O órgão afirmou também que realiza palestras de orientação sobre a doença em escolas públicas. 
DANIEL LEITE
Uma pena. Estava esperançosa para que fosse aceito... espero que não demore muito para que, quem detem o poder comecem a pensar com a cabeça e que comecem a fazer campanhas de vacinação contra essa doença o mais rápido possível. Assim como as de raiva, a população deveria levar seus animais de estimação para vacinar contra a leishmaniose anualmente.
Inadmissível que nosso país não trate essa doença com a seriedade que ela merece ao invés de fingir que nada existe, se ele parassem de ser tão cabeça duras e mirassem em tratar como em outros países, muitas mortes teriam sido evitadas. 




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